Esforço e Impacto: o segredo do ensino de idiomas eficiente
- Micael Daher Jardim
- 11 de nov.
- 2 min de leitura
Ensinar um idioma não é despejar conteúdo, é equilibrar esforço e impacto. Em turmas grandes, é comum seguir o livro e torcer para que todos acompanhem. Mas quem quer realmente ensinar com eficiência precisa buscar dois princípios: o Golden Spot e o Leverage.
O Golden Spot é o ponto em que há desafio suficiente para gerar aprendizado sem causar sobrecarga. Um bom professor calibra o nível de dificuldade como quem afina um instrumento — ajustando até encontrar o tom certo entre o que o aluno já domina e o que ainda não alcança.
O Leverage é a alavanca do aprendizado: o menor esforço com o maior retorno. Por isso, jamais se deve começar com o verbo to be. Parece simples, mas é um erro estratégico. O be exige que o aluno já saiba verbos, adjetivos e substantivos para usá-lo depois (“I am tired”, “You are a student”), e também nomes e pronomes antes dele (“I”, “you”, “they”). É muito esforço para pouco impacto no início. O aluno trava, acha que não entende inglês e perde motivação.

Por outro lado, ensinar verbos de ação como dance, go ou run é infinitamente mais eficiente. São fáceis de visualizar, dão sensação imediata de progresso e permitem que o aluno fale, entenda e brinque com a língua desde o primeiro dia. Mandar alguém Dance! ou Go! é comunicação real — e isso gera confiança.
Esse é o princípio do meu método descrito em “Desbloqueie o segredo do inglês: 22 minutos por dia ao longo de 22 dias”, que inclui atividades interativas e certificação. Para alunos avançados, o desafio é outro: identificar onde está seu novo Golden Spot e trabalhar pontos específicos com a máxima eficiência.

Um exemplo claro vem da pronúncia de Thursday. Dentro de “thurs”, há quatro sons diferentes — dois inexistentes em português e um que aparece apenas em certas regiões. Ensinar isso logo no começo é pedir demais. O aluno deve antes dominar o som de th, depois o r inglês e o som intermediário uh. Só então Thursday deixa de ser um tormento e vira algo natural.
Outro princípio essencial é trabalhar uma coisa de cada vez. Mesmo que um aluno entenda perfeitamente “The ball is with my mother”, dificilmente ele a pronunciará bem no início. Essa frase traz desafios em praticamente todas as palavras: o L em ball, o Z em is, o th em with, e o th sonoro em mother. O professor experiente sabe que deve começar pelo mais fácil e de maior impacto — o L — depois o Z, e só então avançar para os sons mais complexos.
No fim, tudo se resume a uma verdade simples: aprender sozinho pode parecer mais barato, mas sem um bom professor você acaba pagando mais caro com o seu tempo.

