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Os Grandes Alfabetos do Mundo e as Populações que Realmente os Utilizam

A escrita mundial não é distribuída de forma uniforme. Alguns sistemas alcançam bilhões de pessoas porque servem a diversas línguas espalhadas por continentes inteiros. Outros permanecem dentro de fronteiras muito específicas, sustentando identidades locais. Quando observamos cada alfabeto através dos idiomas que o usam e dos países onde esses idiomas são falados, conseguimos medir seu alcance real. A seguir está um panorama claro e direto dos sistemas de escrita mais utilizados no planeta no século XXI.


O alfabeto latino é o mais difundido globalmente porque serve a dezenas de idiomas de grande porte. Ele aparece em inglês, espanhol, português, francês, alemão, italiano, polonês, vietnamita, filipino, entre muitos outros. O inglês domina Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália; o espanhol cobre quase toda a América Latina e a Espanha; o português soma Brasil, Portugal e partes da África; o francês espalha-se por França, Bélgica, Canadá e países africanos; o polonês, o alemão e o italiano cobrem boa parte da Europa. Combinando as populações desses países, o alfabeto latino chega facilmente a algo entre dois e dois vírgula dois bilhões de usuários ativos.


O sistema chinês logográfico funciona principalmente em mandarim e cantonês, presentes na China continental, Taiwan e Hong Kong. A China sozinha ultrapassa um vírgula quatro bilhão de habitantes, enquanto Taiwan e Hong Kong adicionam alguns milhões. Esse conjunto forma o maior bloco contínuo de usuários de um único sistema de escrita não alfabético no mundo moderno.


A escrita árabe se espalha através de idiomas distintos, mas todos usando uma base gráfica comum. O árabe é falado em Egito, Arábia Saudita, Iraque, Síria, Jordânia, Argélia, Marrocos, Tunísia e vários outros países do Oriente Médio e do Norte da África. O persa do Irã, o dari do Afeganistão, o pashto e o urdu também utilizam variações da mesma escrita, somando populações muito expressivas. Quando reunidos, esses países chegam a algo entre quatrocentos e cinquenta e quinhentos e vinte milhões de usuários.


O devanágari sustenta idiomas centrais do sul da Ásia. O hindi e o marathi dominam regiões populosas da Índia, enquanto o nepalês cobre o Nepal inteiro. Somando esses territórios, o sistema alcança algo próximo de trezentos a trezentos e vinte milhões de pessoas, sustentando parte importante da produção cultural da região

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O cirílico conecta diferentes tradições linguísticas. Ele aparece em russo, ucraniano (em parte), bielorrusso, sérvio, búlgaro, macedônio, mongol e quirguiz. A Rússia sozinha ultrapassa cento e quarenta milhões de habitantes; Ucrânia, Belarus, Bulgária, Sérvia, Macedônia do Norte, Mongólia e Quirguistão adicionam dezenas de milhões. No total, o sistema reúne cerca de duzentos e cinquenta a duzentos e setenta milhões de usuários.


O sistema bengali–assamês cobre dois idiomas muito populosos. O bengali domina Bangladesh e regiões densamente povoadas da Índia, enquanto o assamês cobre o nordeste indiano. Juntos, alcançam aproximadamente duzentos e cinquenta milhões de pessoas, constituindo uma das maiores tradições literárias da Ásia do Sul.


O Japão utiliza simultaneamente três sistemas: kanji, hiragana e katakana. Eles servem ao japonês falado por toda a população do país, que gira em torno de cento e vinte a cento e vinte e cinco milhões de pessoas. Mesmo sendo numericamente menor, é um dos sistemas mais tecnicamente complexos ainda em uso diário.


A Coreia emprega um sistema próprio. O coreano usa o hangul na Coreia do Sul, na Coreia do Norte e em comunidades da diáspora. O conjunto soma aproximadamente oitenta milhões de usuários, sustentando um dos alfabetos mais eficientes do mundo.


Além dos gigantes, existem sistemas de alcance regional que sustentam populações médias. O tamil, o telugo e o canará são usados em regiões populosas do sul da Índia e do Sri Lanka, variando entre quarenta e noventa milhões de usuários cada. O alfabeto georgiano serve exclusivamente ao georgiano, utilizado por cerca de três vírgula sete milhões de pessoas. O armênio e o etíope (ge’ez) também cumprem funções semelhantes em suas respectivas regiões.


Existem ainda sistemas minoritários que sobrevivem dentro de comunidades pequenas, mas historicamente importantes. O silabário cherokee preserva a língua cherokee em partes dos Estados Unidos. O inuktitut serve a povos inuit no Canadá. Línguas como tigrínia, ainu e outras africanas e oceânicas utilizam sistemas pequenos em número, mas grandes em valor cultural. Algumas escritas sobrevivem quase exclusivamente em contextos litúrgicos, como o copta no Egito e o ge’ez em cerimônias etíopes.


A diversidade dos sistemas de escrita revela não apenas quantas pessoas os utilizam, mas também a maneira como diferentes sociedades estruturam som, linguagem e memória. Os grandes alfabetos moldam comunicação global, tecnologia e educação. Os médios e pequenos preservam identidades que não podem ser substituídas. A escrita humana não é apenas um instrumento; é uma forma de continuidade cultural que atravessa séculos e permanece viva na forma como cada povo registra o mundo.




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